(não) Fiz um retiro Vipassana.
Nada, mas mesmo nada do que eu vivi até hoje, me podia ter preparado para o que eu estavas prestes a vivenciar.
Quase como uma “experiência social” de uma magnitude introspectiva inigualável.
Dez dias em total silêncio, dez horas de meditação por dia, duas refeições por dia (pequeno-almoço e almoço). 150 pessoas num retiro algures no mundo. Tão “isolados” que essa sensação transporta-se para a (não) interação entre os estudantes.
Sem um único “bom dia”, ou um “como estás hoje?”. Sem uma única troca de olhares. Nada. Cada um por si, na própria introspecção, mas todos em busca de algo em comum: a libertação do sofrimento através desta técnica de meditação, a erradicação das impurezas mentais no seu mais profundo estado.

Longe de mim achar que os 10/15 minutos de meditação que fazia de tempos a tempos me poderiam ajudar, mas fui, de qualquer das maneiras, de mente bem aberta para a experiência. Já há muito que queria fazer Vipassana. E desta vez, finalmente, consegui vaga (o que por si já não é tarefa fácil). As inscrições abrem 1 mês antes e esgotam em poucas horas. Eu fiz questão de estar à primeira hora do dia à frente do computador para me inscrever. E mesmo assim, inscrevi-me sem grande esperança de conseguir vaga, porque a procura é muita e a probabilidade de conseguir um lugar não é assim tanta.

 
No dia da véspera, acordei com muitas dúvidas se deveria ou não ir. Se seria o melhor para mim. Passei o dia com uma sensação menos positiva sobre a minha ida. Se faria sentido neste momento isolar-me, eu e a minha mente para mais de 100 horas de meditação em 10 dias.
Acabei por não dar importância a todas essas dúvidas de última hora e decidi ir.
Um erro. Um tremendo erro. Mal eu sabia o que estava a decidir fazer a mim mesmo.
Nada, mas mesmo nada me preparou para isto.
 
mais para vir nos próximos dias.